7 de março de 2014

Lamentação de Poetisa

Eu me desfaço em cada verso,
E logo me refaço no seguinte,
Mas a estrofe nunca é tão completa ou tão bela
Quanto o parágrafo que construo,
O parágrafo de cada dia da vida –
Sou melhor na prosa que na poesia.

Sou melhor na prosa que na poesia,
Porque a frase contínua é vida minha;
Mas estão mortas autora e narrativa,
E não há como vivê-las de novo,
Não há como contá-las, por ora;
Só restam minhas entonações falhas de poetisa.

Sou melhor na prosa que na poesia,
Porque o meu lirismo cheira à Covardia
De quem precisa de linhas partidas, e rimas,
E figuras de linguagem e alegorias
Pra que se faça escutada, contemplada,
Para que se faça ouvida.